Instituto Pensar - Araújo diz que visita de Pompeo foi ideia dos EUA, mas que Brasil achou ?excelente?

Araújo diz que visita de Pompeo foi ideia dos EUA, mas que Brasil achou ?excelente?

por: Nathalia Bignon 


(Foto: Reprodução/Twitter)

ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quinta-feira (24) que a visita do secretário de Estado americano Mike Pompeo ao Brasil foi uma iniciativa do governo americano, da qual o governo brasileiro foi comunicado e achou "excelente?.

À Comissão de Relações Exteriores do Senado, o chanceler disse ainda que a gestão de Jair Bolsonaro (sem partido) tem tentado se aproximar dos Estados Unidos como um todo e não apenas do governo de Donald Trump, que concorre à reeleição. "Não é fato que a proximidade do Brasil seja com o Trump, e não com os Estados Unidos?.

Na última sexta-feira (18), Pompeo esteve nas instalações da Operação Acolhida em Boa Vista (RR), na companhia do chanceler brasileiro. O projeto recebe refugiados venezuelanos da ditadura de Nicolás Maduro. Ao lado do ministro brasileiro, Pompeo fez duras críticas a Maduro e declarou que os Estados Unidos querem "representar as pessoas da Venezuela?.

Referindo-se ao presidente venezuelano como "traficante de drogas? que "destruiu? seu país, Mike Pompeo ainda afirmou que não pode responder quando o chefe do país vai cair, "mas que esse dia vai chegar?. O Brasil era o 3º país que faz fronteira com a Venezuela que ele visitava.

"Ideia excelente?

"Mike Pompeo me telefonou informando que estava organizando uma vista a países da América do Sul e que queria vir ao Brasil, visitar as acomodações da Operação Acolhida. Eu disse que achei excelente. Disse que iria receber com o maior prazer e assim aconteceu. Foi uma visita marcada comigo e de grande satisfação da nossa parte [governo]?, afirmou o chanceler brasileiro.

Leia também: Trump se diz aberto a reunião com Maduro e diz desconfiar de Guaidó

Ernesto Araújo esteve na manhã desta quinta no Senado, após ter tido o convite de participação aprovado pelos senadores. Com isso, o chanceler evitou uma convocação e a obrigatoriedade de comparecer no Parlamento, ideia inicial da oposição.

Convite ou convocação de Araújo

A autoria do pedido foi do senador Telmário Mota (Pros-RR), que inicialmente queria uma convocação do ministro. O requerimento foi transformado em convite após o presidente do colegiado, o senador Nelson Trad (PSD-MS), garantir a presença de Ernesto na Casa.

Em uma apresentação inicial de cerca de 40 minutos, Ernesto Araújo afirmou que a visita do secretário de Estado dos EUA deixou o "Brasil orgulhoso?. A sessão se estendeu por mais de duas horas.

"Os EUA são os maiores financiadores de ações de refugiados no mundo. Parece que faz todo o sentido que o secretário tenha interesse e visite as acomodações da Operação Acolhida, o que nos dá muito orgulho?, afirmou.

Segundo Araújo, durante a visita, ele e Mike Pompeo realizaram uma reunião bilateral, onde falaram da situação da política da Venezuela.

"Em reuniões bilaterais entre chanceleres é comum que se converse sobre a situação de países terceiros. Situação regional no país A e no país B, onde se comentam os problemas e como os países se cooperam. Falar em países terceiros é a coisa mais comum nestes diálogos?, afirmou.

O chanceler também comparou as ações do ditador venezuelano a de narcotraficantes.

"Vamos supor que temos um vizinho que é muito amigo nosso. De repente, esse vizinho tem a casa invadida por um narcotraficante que praticamente o escraviza e prende toda a sua família no porão. Vamos supor que um dos filhos do vizinho consegue escapar e vem para o nosso terreno. Nós o acolhemos?.

"Então, recebemos um amigo de outra rua, que também é amigo do nosso vizinho, e vamos falar dessa situação. O fato de falarmos dessa situação não é uma agressão ao nosso vizinho. É uma preocupação com o fato de que a casa do nosso vizinho foi tomada por um narcotraficante?.

Posicionamento do Itamaraty

Questionado pelo senador Humberto Costa (PT-PE) sobre se houve um posicionamento de área técnica do Itamaraty sobre a visita, o chancelar afirmou que a decisão desse tipo de questão cabe a ele.

"O Itamaraty é chefiado por mim, então é assim que funciona. Evidentemente que a visita foi preparada depois de ter sido combinada comigo e o Pompeo. Porque não foi em Brasília [a visita] está claro, que é porque não existem acomodações da Operações Acolhida em Brasília?, disse.

A visita do secretário americano causou uma série de manifestações entre parlamentares. A primeira reação foi do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que classificou o encontro como uma "afronta?. Ernesto e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defenderam a relação com os EUA.

Sobre ataques à Venezuela

Para o chanceler, a visita do secretário dos EUA não significa que o Brasil esteja agindo contra a Venezuela. "Absolutamente nada do que estamos fazendo é contra o venezuelano e a Venezuela. Ofensa seria ignorarmos o povo venezuelano?.

Durante a visita a Roraima, ao lado de Ernesto, Pompeo também criticou a política de Maduro. "Nossa missão é garantir que a Venezuela tenha uma democracia?, disse. O ditador venezuelano é um dos principais focos de ataque da campanha do republicano, que defende e aplica sanções contra o regime.

Questionado pelos senadores, o chanceler falou que as críticas são normais por ambos os países. "As críticas que o secretário Pompeo e eu falamos não são novas, são muito conhecidas, tanto as nossas quanto as dos EUA, que são bastante conhecidas e convergentes?, afirmou.

Com informações da Folha de S. Paulo



0 Comentário:


Nome: Em:
Mensagem: